Coleta de sangue arterial
Definição: Coleta de sangue a partir de uma artéria para exame de gasometria, cujo o objetivo principal é realizar análise dos gases sanguíneos (oxigenação) e do equilíbrio ácido base. O teste mede a pressão arterial de oxigênio, saturação de oxigênio, a pressão arterial de gás carbônico, o pH sanguíneo e o nível de bicarbonato;
Responsabilidade: Dos profissionais de enfermagem. A punção arterial é um procedimento privativo do enfermeiro.
Fatores que possam influenciar a medida da gasometria
- Ansiedade;
- Presença de ar na amostra;
- Atraso no transporte da amostra para o laboratório;
- Excesso de heparina dentro da seringa;
- Posicionamento;
- Temperatura;
- Oxigenoterapia;
- Taxa de metabolismo.
Teste de Allen: Consiste na verificação da circulação colateral à procura de oclusão da artéria radial ou ulnar (teste de Allen modificado). Deve-se elevar a mão e comprimir essas artérias até que a mão fique esbranquiçada. Após, interrompa a compressão da artéria radial e verifique se a mão retorna a coloração rosada. A manobra deve ser repetida liberando a artéria ulnar. Caso a mão permaneça esbranquiçada, significa que a artéria liberada possui uma oclusão e, portanto, não deve ser puncionada.
Locais para coleta:
- Artéria radial é preferencial pela localização em um sulco ósseo;
- Artéria braquial é a segunda escolha;
- Artéria femoral é a escolha em caso de alteração na perfusão dos membros superiores, situações de emergência como parada cardio respiratória e choque hipovolêmico. Deve ser realizado compressão durante 10 a 15 min após punção.
- As artérias braquial e femoral possuem desvantagens, pois possuem pouca circulação colateral e estão localizadas próximas a estruturas que, ao serem puncionadas diante de uma técnica incorreta, acarretam danos ao paciente.
Contraindicações:
- Teste de Allen modificado negativo ( não tentar esta artéria radial para amostra);
- Celulite ou infecção na área arterial;
- Lesão de pele na área de punção;
- Fístula ou shunt arteriovenoso;
- Trombocitopenia grave.
Materiais Necessários:
- Bandeja ou cuba rim.
- Seringa pré-heparinizada com tampa. A seringa deve ser pré-heparinizada de modo a minimizar a exposição ao ar, o que acarretaria alteração nos valores dos resultados do exame.
- Agulha (calibre 20, 23 ou 25) ou escalpe calibre (20, 23 ou 25), de acordo com o local de punção.
- Luvas de procedimento, touca, máscara e óculos de proteção.
- Antisséptico cutâneo padronizado pela instituição.
- Gaze ou algodão para antissepsia.
- Gaze para curativo compressivo após o procedimento.
- Etiqueta com os dados de identificação do paciente para colocar na amostra.
- Curativo adesivo.
- Lixo adequado para descarte do material perfurocortante
Etapas do Procedimento:
- Reunir todo material necessário em uma bandeja.
- Lavar as mãos.
- Explicar o procedimento ao paciente e/ou acompanhante.
- Conferência das informações: dados do paciente com o pedido do exame.
- Posicione o paciente, de preferência em decúbito dorsal. Solicite ajuda dos pais ou outro profissional em casos de bebês e crianças.
- Selecionar o melhor locar para coleta. Artéria radial é a primeira escolha.
- Calçar as luvas de procedimento, máscara, touca e óculos de proteção. Palpe a artéria para delimitar o local da punção.
- Caso haja sujidades, realizar higiene do local com água e sabão. Caso a pele esteja visivelmente limpa, realize antissepsia.
- Com a mão não dominante, estique a pele ao redor da pulsação.
- Puncione a pele com a mão dominante, em um ângulo de 45º a 60º com a artéria, com o bisel voltado para cima.
- Penetre com a agulha até a artéria, até aparecer o refluxo de sangue.
- Após a coleta, retire a agulha no mesmo ângulo que foi introduzida.
- Com gaze ou algodão, aplique compressão no local de punção durante algumas minutos (em média 5 min, ou até que o sangramento cesse), para evitar sangramentos e hematomas.
- Após, instale curativo compressivo no local.
- Ative os mecanismos de segurança da agulha e/ou desprenda o scalp com cuidado da seringa.
- Segurar a seringa para cima e retirar rapidamente bolhas de ar da seringa, se tiver.
- Tampe a seringa para não haver contato com o ar.
- Identifique a amosta com etiqueta com dados de identificação do paciente.
- Caso a análise no laboratório não seja imediata, coloque o material em uma bolsa de transporte com gelo.
- Desprezar imediatamente os materiais com agulha na caixa de perfurocortante.
- Descartar os outros materiais em lixo apropriado.
- Deixar o ambiente limpo e organizado.
- Retirar os equipamentos de proteção individual.
- Higienizar as mãos após o contato com o paciente.
Complicações
- Hematomas e sangramentos.
- Comprometimento de estruturas nervosas.
- Hipotensão.
- Sudorese.
- Palidez.
Coleta de sangue venoso
Definição: Consiste na coleta de amostra sangue da rede venosa periférica, com a utilização de técnica asséptica e precauções padronizadas que tem como objetivo levar amostras para o laboratório afim de investigar se há presença de anormalidades no fluxo sanguíneo. É de responsabilidade do enfermeiro,técnico ou auxiliar de enfermagem.
Materiais Necessários
- Equipamentos de proteção individual (luva de procedimento, máscara, óculos de proteção).
- Pedido de exame laboratorial.
- Bandeja ou cuba rim.
- Solução alcoólica ou agente antisséptico padronizado pela unidade de saúde.
- Gaze esterilizada.
- Garrote.
- Scalp do tamanho adequado para a veia do paciente (agulha ou agulha à vácuo).
- Seringas, de acordo com o volume de sangue a ser coletado para o exame.
- Tubos de coleta apropriados para os exames
- Algodão seco.
- Curativo adesivo pequeno.
- Etiquetas com os dados do paciente para identificação dos tubos de coleta.
Etapas do Procedimento
- Reunir todo material necessário em uma bandeja ou cuba rim.
- Lavar as mãos.
- Colocar os equipamentos de proteção individual.
- Explicar o procedimento ao paciente e/ou acompanhante.
- Conferência das informações: nome do paciente, data de nascimento, exames solicitados, etc
- Inspecionar a rede venosa do paciente a fim de escolher o melhor local para punção. Considerar primeiramente as veias distais.
- Após a escolha da veia, calçar as luvas de procedimento. Colocar o garrote acima do local de punção.
- Solicite que o paciente faça alguns movimentos de abrir e fechar a mão e após peça que mantenha a mão fechada.
- Faça antissepsia da pele local que será puncionado, no sentido do centro para fora, em movimentos circulares, e deixe a área secar por pelo menos 30 segundos.
- Puncione a veia, mantendo a agulha num ângulo de 45º em relação a pele, com o bisel voltado para cima.
- Aspire o sangue na quantidade necessária para o exame.
- Remova o garrote.
- Retire a agulha e comprima o local com algodão seco por alguns segundos.
- Coloque o adesivo pequeno no local puncionado.
- Caso a punção tenha sido feita no braço, orientar o paciente a mante-lo esticado e não carregar peso por, no mínimo, 1 hora. A manga da blusa não deve permanecer dobrada, pois pode funcionar como um garrote.
- Coloque as amostras de sangue nos tubos.
- Identifique os tubos de sangue com as etiquetas do paciente, chegando novamente as informações.
- Descarte os materiais em lixos apropriados e a agulha em lixo destinado à materiais perfurocortantes.
Considerações Importantes:
- O garrote não deve permanecer por um período maior que um minuto, devido a possibilidade de estase e hemoconcentração, podendo causar erros nos resultados laboratoriais, bem como hematomas e formigamentos no paciente.
- Após colocar o sangue no tubo, homogeneizar a amostra suavemente por inversão, de cinco a dez vezes.
- Caso o paciente também tenha pedido de exame de imagem com contraste, a coleta de sangue deve ser feita antes do exame de imagem.
Evitar coleta de sangue:
- Em veias em uso de terapia intravenosa;
- Áreas com cicatrizes e que sofreram queimaduras;
- Áreas com hematomas;
- Veias trombosadas.
Referências Bibliográficas:
Bowden V, Greenberg S. Procedimentos de Enfermagem Pediátrica, 3ª edição. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, Fev 2013.
Adriolo A. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso – 2. ed. Barueri, SP: Minha Editora, 2010.
Hockenberry, MJ; Wilson, DW. Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Realização de Gasometria Arterial por profissional de enfermagem. Parecer COREN-SP número 4, de 2013. CT PRCI n° 102.931/2012.
Conselho Federal de Enfermagem (Brasil). Resolução número 390, de 2011. Normatiza a execução, pelo enfermeiro, da punção arterial tanto para fins de gasometria como para monitorização de pressão arterial invasiva.
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