Depressão no idoso






É uma das doenças que acometem os idosos, ocasionando graves
problemas físicos e emocionais não só ao idoso, mas aos seus familiares e à
comunidade.  É o  Principal fator da alta taxa de suicídio de homens e mulheres acima dos 70 anos. Idosos com depressão podem ser isolados do convívio de seus familiares, muitas
vezes internados em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI), o que
pode caracterizar ainda mais a sensação de desprezo e abandono para os
mesmos.

 Idosos que residem com seus familiares e encontram-se deprimidos por
sentirem-se desvalorizados, inúteis, pouco ouvidos, considerando-se como um
peso físico e financeiro para os demais membros da família.





DEPRESSÃO

 Prevalência de até 15% na população de idosos, porcentagem é ainda mais
significativa (podendo atingir índices de 22%) para idosos hospitalizados. É um dos
transtornos psíquicos mais comuns entre os idosos. 
Dados apontam que no Brasil, aproximadamente 10 milhões de idosos sofrem de depressão.

 Políticas Públicas = visam auxiliar os idosos a redescobrir a vida, bem
como, afastar males (depressão) e proporcionar melhor qualidade de vida. (Políticas
Públicas são ações, programas, projetos, leis e normas que o Estado desenvolve para
administrar de maneira equitativa os diversos interesses sociais de determinada
sociedade).
 Exemplo: Centros de Referência do Idoso (oferecidas atividades) como:
aulas de artesanato, programação cultural com pequenas viagens, bailes, jogos,
aulas de informática, ginástica, além de trabalhos em grupos.  Deve ser uma ação conjunta entre Estado, profissionais da saúde, idosos e a sociedade em geral.




DEPRESSÃO NÃO É MERAMENTE
TRISTEZA...

Existe tristeza em momentos por razões
racionais, como por exemplo a perda de
um parente, término de namoro, roubo, ou
sofrer agressão física ou psicológica. 


Como diferenciar Tristeza de Depressão?



Na Depressão existe...
-a perda da capacidade de experimentar
prazer nas atividades em geral
- a redução do interesse pelo ambiente.
-sensação de fadiga ou perda de energia,
caracterizada pela queixa de cansaço
exagerado
-identificação ou retardo psicomotor

Depressão ou Transtorno Depressivo Maior (TDM)
De acordo com o Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição
(DSM-5), é uma condição de saúde mental caracterizada por quatro ou mais dos
seguintes sintomas:


  • alteração no humor (crise de choro),
  • alteração no sono (insônia ou hipersonolência),
  • alteração no apetite (perda e raramente aumento do apetite),
  • letargia, sentimento de culpa, baixa autoestima,
  • perda da capacidade de sentir prazer ou de ter interesse (anedonia),
  • déficit de concentração, episódios de agitação, pensamentos suicidas, sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado,
  • retraimento social
  • perda da libido.
Fatores Predisponentes

  • Biológicos: perda de neurotransmissores, havendo um desequilíbrio químico no cérebro causado por uma baixa quantidade de neurotransmissores como a serotonina e noradrenalina.
  • Genéticos: tal desequilíbrio pode ser herdado geneticamente, levando-nos a identificar um fator referente às questões genéticas.
  • Alterações neuroendócrinas, como a diminuição de resposta ao hormônio estimulador da tireoide,
  •  Limitações físicas, com diminuição da autonomia, alterações da acuidade visual e auditiva, pois levam o idoso ao isolamento
  •  Uso contínuo de vários medicamentos que podem ter efeitos adversos indesejáveis.
  • Psicossociais e Ambientais- relacionados com a diminuição da capacidade produtiva e funcional, aposentadoria com consequente diminuição de renda, luto (especialmente do cônjuge ou familiar próximo), abandono, além da mudança no papel social.

Principais Sintomas:


Sintomas psíquicos:
-humor depressivo: sensação de tristeza, auto desvalorização e sentimentos
de culpa.
-redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das
atividades, antes consideradas como agradáveis antes.
-diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar
decisões.
Sintomas fisiológicos:
-alterações do sono (mais frequentemente insônia, podendo ocorrer
também hipersonolência)
-alterações do apetite (mais comumente perda do apetite, podendo ocorrer
também aumento do apetite)
-redução do interesse sexual , perda da libido.
Principais Sintomas
-Evidências comportamentais :
-retraimento social
-crises de choro
-comportamentos suicidas-retardo psicomotor e lentificação generalizada 


Sintomas cardinais e situações de luto


- humor deprimido e a anedonia ambos denominados sintomas
cardinais (devem estar associados a pelo menos mais três
sintomas, por um período mínimo de duas semanas). Para um
diagnóstico definitivo, é necessário haver pelo menos, um dos
sintomas cardinais.
Em casos de luto, as pessoas apresentam reações que se
estabelecem em resposta à perda de pessoas queridas,
caracterizando-se por sentimento de profunda tristeza. Tais reações
são tidas como normais e esperadas, podendo estender-se até por 1
ou 2 anos.
-Nas situações de luto, a pessoa geralmente preserva determinados
interesses e reage positivamente ao ambiente, caso seja
devidamente estimulada.


Fatores importantes para diagnostico da doença

 Anamnese médica detalhada (conhecer o histórico do idoso e de familiares,
incluindo histórico psiquiátrico),
 Avaliação neurológica;
 Exame clínico geral;
 Identificação das medicações em uso e seus possíveis efeitos adversos,
 Exames laboratoriais,
 Avaliação psicológica (reconhecer possíveis eventos estressores, avaliação de
inserções laborativas, de lazer, suporte familiar e rede de relacionamentos).
 Existem algumas escalas para rastrear a depressão, porém, o diagnóstico não
deve ser realizado unicamente baseado em tais escalas. Mais popular para
avaliar os sintomas depressivos em idosos é a Escala de Depressão Geriátrica
(Yesavage).


Importante para a enfermagem....


 Observa-se que o idoso deprimido, recusa-se a alimentar-se,
sair, seguir orientações médicas e de enfermagem, desejando
ficar no leito a maior parte do tempo, o que promove maior dano
à sua mobilidade, autonomia, podendo ocasionar alteração na
pressão arterial, comprometimento na circulação periférica,
problemas cardíacos, pneumonia, artrose, constipação intestinal,
desidratação, dentre outros.

 Em alguns casos ( mais graves) a equipe de enfermagem deverá
realizar as atividades, com a melhora do quadro, passar a
auxiliar e depois supervisionar.


Tratamento:

PSICOTERAPIA + MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS
 Quando resulta de conflitos pessoais ou interpessoais ou ainda dificuldade em lidar com
os problemas da vida = PSICOTERAPIA (comportamental - cognitiva-psicodinâmicas
breves tradicionais- interpessoal).

MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS

 Os chamados inibidores seletivos de recaptação de serotonina(ISRSs). Ex:
Fluoxetina(Prozac);Citalopram(Celexa);Sertralina(Zoloft);Paroxetina(Paxil);Escitalopram(L
exapro). Não provocam tantos efeitos secundários!

 Outros tipos de antidepressivos disponíveis são conhecidos como inibidores seletivos da
recaptação da serotonina e da noradrenalina (ISRSNs) : venlafaxina(Effexor) e a
duloxetina(Cymbalta).

 Outro antidepressivo bastante utilizado é o Bupropiom (Wellbutrin), que age sobre o
neurotransmissor dopamina.
Tratamento ( menos utilizado)

Apenas para idosos que apresentem alto risco de suicídio, a Terapia Eletroconvulsiva (ECT). Tal tratamento é totalmente contraindicado em caso de presença de lesão intracraniana acompanhada de aumento da pressão intracraniana.

Como contraindicação relativa tem-se a ocorrência de infarto
agudo do miocárdio há 3 meses ou acidente vascular cerebral (AVC) há 6
meses.

 Necessário que o idoso seja submetido a minucioso exame físico, exames cardíacos incluindo eletrocardiograma (ECG), exames neurológicos, mini exame do estado mental, para que se possa ponderar os riscos e benefícios da utilização deste tratamento.



Atuação da Equipe Multiprofissional


  •  Abrangente e importante trabalho em equipe que é composta por:

- enfermeiro ( todos cuidados de enfermagem necessários),
- médicos ( geriatra e psiquiatra- diagnóstico, prescrição e tratamento),
- fisioterapeuta ( plano de condicionamento físico),
- nutricionista ( avaliação e adequação dieta),
- fonoaudiólogo ( avaliação e exercícios para disfagia),
- farmacêutico ( avaliar interação medicamentosa),
- terapeuta ocupacional ( elaborar atividades manuais e cognitivas),
- psicólogo ( terapias),
- assistente social ( relações interpessoais e avaliação dados habitação, renda),
- educador físico ( supervisionar atividade física).




Referências 

 Freitas EV, Py L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
 Ferreira JR, Braga BFM, Reis DC, Soares MB, Borges PMM, Motta SB. O processo de envelhecer: Políticas Públicas
e a qualidade de vida dos idosos. 2011. Disponível em: http://www.redepsi.com.br/2011/03/15/o-processode-envelhecer-pol-ticas-p-blicas-e-a-qualidade-de-vida-dos-idosos/. Acesso em 01 Ago 2016.
 Bächle C, Lange K, Stahl-Pehe A, Castillo K, Scheuing N, Holl RW, et al. Symptoms of Eating Disorders and
Depression in Emerging Adults with EarlyOnset, Long-Duration Type 1 Diabetes and Their Association with
Metabolic Control. PLoS One. 2015;10(6): e 0131027. eCollection. 2015.
 Snowdon J. How high is the prevalence of depression in old age? Rev. Bras. Psiquiatr. 2002; 24 (supl 1):42-7.
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pdf. Acesso em 20 Abr 2016.
 Matias AGC, Fonseca MA, Gomes MLF, Matos MAA. Indicadores de depressão em idosos e os diferentes métodos de rastreamento. Rev. Einstein. 2016;14 (1):6-11. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/eins/v14n1/pt_
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